Entrevista especial com Fernando Spilki
Do IHU, 29 de setembro, 2015
Por Patricia Fachin
“Ainda coletamos ao redor de 50% do esgoto doméstico que produzimos nas cidades (no ambiente rural a situação é ainda mais grave) e tratamos menos de 30% disso antes de lançar aos rios esses dejetos”, comenta o virologista.
Foto: bibocaambiental.blogspot.com.br |
“As causas da contaminação da água no Brasil estão intrinsecamente ligadas a um processo de rápida e expressiva expansão dos centros urbanos, especialmente na segunda metade do século XX”, diz Fernando Spilki à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail.
Segundo o pesquisador, a expansão urbana foi feita sem planejamento e os corpos d’água foram “considerados meros receptores e canais de escoamento de resíduos domésticos e industriais. Era forte a ideia (e ainda é) da máxima de que a ‘diluição é a solução’, quanto maior ou mais caudaloso um corpo hídrico, mais contaminação se poderia jogar nele. O irônico é que justamente desses mananciais é que advém a maior parte da água destinada ao consumo nas grandes cidades”, pontua.
Na entrevista a seguir, Spilki comenta que além da falta de tratamento do esgoto, as águas contaminadas são um potencial para o desenvolvimento de uma série de vírus causadores de doenças. “Há uma gama de doenças de veiculação hídrica (especialmente diarreias e hepatites) e de doenças indiretamente relacionadas ao manejo da água (Dengue, Chikungunya, Zika, Febre Amarela) das quais ainda não nos livramos, ou pelo contrário, que recém chegaram e já com grande impacto em saúde pública. Temos que mirar sim o futuro, mas sem esquecer que temos uma situação no Brasil que mescla doenças de uma população desenvolvida e mais idosa com outras típicas dos países em desenvolvimento”.
Fernando Spilki é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, com mestrado em Ciências Veterinárias pela UFRGS, na área de Virologia Animal, e doutorado em Genética e Biologia Molecular, área de Microbiologia, pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente leciona na Universidade Feevale.
Confira a entrevista.
Foto: cidadeverde.com |
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